A Copa dos Pinheiros é um torneio
de futebol de mesa organizado pela família PINHEIRO, na Regra Gaúcha. Sua
primeira edição ocorreu em 2003, nas dependências do Quadro Social do Grêmio
FBPA. Em 2013 ocorreu sua segunda edição, no Ypiranga Futebol Clube, e em 2014, a terceira edição,
também no Ypiranguinha.
Os irmãos Eron, Luiz e Paulo
iniciaram a jogar botão no final dos anos 60, utilizando como mesa uma antiga
escrivaninha, ou mesmo jogando no piso de parquet do apartamento onde moravam,
no Jardim Botânico, em Porto
Alegre. Enquanto o irmão mais velho, Eron,
então com uns 15 anos, jogava os primeiros torneios com os adolescentes da
vizinhança, na rua Roque Gonzáles, os irmãos menores, com 7 e 5 anos, ainda aprendiam
a jogar com os antigos “panelinhas”, no indefectível “toque-toque”.
No início dos anos 70 já utilizavam
botões “puxadores”, de acrílico (eventualmente algum de galalite), no mais das
vezes comprados na loja Capeta, na Azenha. Restringiam-se aos jogos em casa,
com os vizinhos do prédio (os irmãos Zé Henrique e Alexandre Fonseca), em um
pequeno “campo”, equivalente a ¼ de uma tábua de compensado, com alambrados sarrafos
de madeira para evitar que os botões caíssem no chão, e que diminuíam ainda
mais a superfície de jogo. As regras eram criadas pelo grupo, a partir da Regra
Oficial, remotamente conhecida – ou seja, uma Regra de Um Toque “Improvisada”. Os
goleiros eram feitos de caixas de fósforo, forradas com papel colorido, com os
distintivos dos times. À falta de papel contact, o acabamento era com fita
durex, para aumentar a durabilidade do “uniforme”. Da mesma forma, os botões
ganhavam “camisetas”, geralmente distintivos e números das edições da revista
Placar, colocados nos “atletas”.
A partir de 1972 o trio passou a morar
e jogar no apartamento da Bento Gonçalves. Às vezes também participavam dos
jogos convidados, amigos ou colegas de aula, progredindo o tamanho do campo
para “quase oficial” (metade de uma chapa de compensado, o que já permitia que
as linhas laterais e de fundo não ficassem grudadas no alambrado). As bolinhas
eram literalmente botões de camisa.
Em 1981 souberam pelo jornal da
realização de um Torneio de Futebol de Mesa no IAPI, e resolveram participar. Lá
os jogos foram sorteados na hora, entre uns 30 inscritos; quem somasse 5 pontos
perdidos era eliminado (na época, vitória eram 2 pontos ganhos e empate valia 1
ponto). Após algumas rodadas, os novatos Pinheiros estavam excluídos, inadaptados
ainda às diferenças da bolinha (acharam-na muito “cavadora”) e às táticas e
estratégias. A Regra Gaúcha de 1 Toque era semelhante à atual, mas com dimensões
menores de campo, goleiras e goleiros, além de diferenças na bolinha e nas cobranças
de laterais, de escanteios cedidos e de faltas (não havia o “passe”), dentre outras.
A partir de 1982 os irmãos
Pinheiro passaram a jogar regularmente nos altos do Mercado Público, na antiga
sede da Federação Riograndense de Futebol de Mesa, presidida pelo Luiz Rolim.
Alguns dos botonistas da época eram Rogério Englert, os irmãos Oscar, Marcus e
Júnior Crusius, Baltazar, Taborda, Gérson Oliveira, Tubino. Rolim incentivava
os botonistas a criarem seus times; ele próprio jogava com os legendários
Beatlestones e Woodstock, cujos atletas eram os astros do rock. Assim, Luiz
criou o PELEIA, inspirado no verso tradicionalista “não tá morto quem peleia”,
Paulo criou o SERPENTÁRIO, inspirado na ave predadora, para enfrentar os
“cobras” na mesa de botão, e Eron criou o RUBRONEGRO, pois originalmente
costumava jogar com o Flamengo/RJ.
Em 1983 a sede da FRFM fechou
no Mercado Público, e os cerca de 20 botonistas passaram a freqüentar o Grêmio
FBPA, inicialmente com as mesas dispostas em um vestiário do Ginásio David
Gusmão, e depois em outras dependências do Estádio Olímpico. A convite de
Alpheu Barcellos, Rolim seguiu na coordenação até 1987, quando fechou
temporariamente o Departamento. Em 1986 os irmãos Pinheiro já haviam progredido
na técnica botonística, e conquistado algumas taças, conseguindo geralmente ficar
entre os primeiros colocados no Ranking da época. Também auxiliavam Rolim na
organização das tabelas de jogos – tudo era feito à mão, visto os computadores e
impressoras não estarem popularizados como hoje.
Com o fechamento do departamento,
compraram duas daquelas mesas e, anos mais tarde, a partir de 1993, passaram a
jogar na sua Locadora de Videogame, a inesquecível LAGO NESS, na Santa Cecília.
A gurizada gostou da novidade, e muitos passaram a gostar mais do jogo de botão
do que dos games de Megadrive e Super Nes. Alguns daqueles outrora adolescentes
que lá aprenderam a jogar botão atuam até hoje, como o Josias, o Darci, o
Eduardo “Caxias”, o Marcus da Silva e o próprio sobrinho da família, o ANDERSON
PINHEIRO.
Entre 1987 e 1990 houve a
Unificação da Regra do Passe (que era praticada especialmente no Internacional
– Eucaliptos) com a Regra Gaúcha. Os principais locais de jogos eram o
Gigantinho e o Bar do Ênio, na José do Patrocínio. Alguns botonistas aderiram à
Regra Brasileira ou Baiana, como o Rolim, outros pararam de jogar. Nos anos 90
o Departamento do Grêmio reabriu, sob coordenação do Renato Scherr, e o
quarteto dos Pinheiros passou também a lá jogar, com destaque para um
Campeonato em 1995, do qual participaram mais ou menos 25 botonistas, sagrando-se
Paulo o Campeão, e Luiz o Vice-Campeão. Eron e o novato Anderson obtiveram colocações
intermediárias.
Em 1996 a Locadora Lago Ness, então
localizada na rua Livramento, fechou; o futebol de mesa tinha lá boa
participação, cerca de 30 botonistas jogavam em 6 mesas, tais como Caverna,
Clademir, Josias, Luzardo e outros. A família Pinheiro prosseguiu jogando no
Grêmio, cujo Departamento passou a ser coordenado pelo Aírton Romancini.
No início dos anos 2000 o Departamento
de Futebol de Mesa do Grêmio teve como coordenador o Carlos Foschiera. Botonistas
da velha guarda, como Obereci, Marcus e os Pinheiros, além de novos integrantes,
como Gérson Azevedo, Macedo e outros, jogavam no Salão sobre o Quadro Social,
contando com o apoio do Bazar Mimo nas premiações e na divulgação dos eventos. A
pedido de Foschiera, os Pinheiros auxiliavam na organização das tabelas e
rodadas das competições, além de contribuir com a redação de algumas matérias
no site do Departamento.
Em 17/05/2003 a família Pinheiro
organizou, por sugestão de Foschiera e de Macedo, a I COPA DOS PINHEIROS, em um
sábado, no Departamento do Grêmio, com 10 mesas, ocorrendo a fase
classificatória em grupos, pela manhã, e a fase final, em sistema de
Eliminatórias Simples, à tarde. Infelizmente Eron já se encontrava doente, e
não pôde participar, somente comparecendo à confraternização de encerramento.
Com o falecimento do irmão mais
velho, a família temporariamente deixou de participar dos jogos de botão,
retornando à lida paulatinamente. O futebol de mesa prosseguiu nos anos 2000,
com destaque para alguns locais, como Bazar Mimo, Washington Luís, Lefume,
dentre outros. No final de 2012, no Ypiranguinha, os Pinheiros reencontraram alguns
botonistas, como Omilton, Rogério, Obereci, Darci, e conheceram novos, como
Adriano, Luiz Scherer, Claudinho, Miro, Lauro, Pujol.
Em 2013 ocorreu a II Copa dos
Pinheiros, no Ypiranguinha, coordenado na época por Ricardo Lasevitch, com 16
botonistas inscritos. A disputa ocorreu em 2 segundas-feiras, em 8 mesas: uma
fase classificatória em grupos e uma fase final em jogos de eliminatória
simples. Foi campeão o Rogério Englert, seguido de Zé Francisco, Luiz Scherer,
Sandro, Adriano e Anderson.
E em 2014
ocorreu a III COPA DOS PINHEIROS, também disputada nas dependências do
Ypiranguinha, coordenado por Adriano Pickrodt, tendo igualmente com 16
participantes, em 8 mesas. Dessa feita, a fórmula foi de Eliminatória Mista
(Dupla para o 3° lugar e Simples para Campeão e Vice), sendo os jogos
disputados no sábado, 1° de novembro, à tarde. Foi campeão Zilmar Pujol,
seguido de Adriano, Luiz Scherer e Ricardinho Costa.
Relação
de alguns botonistas, contemporâneos da família Pinheiro:
1968/1980
– Apartamentos da Roque Gonzáles, Azenha e Bento Gonçalves: Eron Domingues
Pinheiro (Cruzeiro), Luiz Fernando Pinheiro (Ponte Preta), Paulo Roberto
Pinheiro (Santos), Alexandre Fonseca (Internacional), José Henrique Fonseca
(Cruzeiro de P. Alegre); Ernani (Internacional).
1981/1983
– Mercado Público: Luiz Rolim (Beatlestones), Marcus Crusius (Flamengo), Oscar
Crusius (Sport Recife), Baltazar (Cassino), Eduardo Taborda (Holanda), Tubino
(Rio Grande), Napoleão, Gérson Oliveira (Scorpions), Rogério Englert
(Barcelona), Ciro Pahim;
1983/1987
– Grêmio: Eduardo Orci, Júnior Crusius (Fluminense), Pedrinho Bessil, Alpheu
Barcellos (Benfica), Sérgio Barcellos (Farroupilha), Chico, Fábio, Alcides
(Palmeiras), Romário (Internacional), e remanescentes do Mercado Público;
1987/1990
– Internacional – Gigantinho: Ênio Seibert (Renner), Hélio Seibert (Santos),
Pedde, e remanescentes do Grêmio e do Mercado;
1990/1995
– Grêmio: Renato Scherr (São Paulo), Aírton Romancini, Pirênio Souza, Luzardo;
1993/1996
– Lago Ness: Fabinho, Milton, Guinei, Eduardo Premaor (Parma), Rafael Dias,
Rafael Gobatto, Darci Vieira (Internacional), Jefferson Colonetti, Fabrício,
Josias, Guto , Eduardo Fernandes
(Caxias), Anderson Pinheiro (Internazionale);
2000/2003
– Grêmio – Carlos Foschiera (Grêmio), Marco Macedo, Linconl Faria, Carlos Kuhn
(Botafogo), João Riegel, Obereci Carvalho (Riograndense), Omilton Andrade, Gérson
Azevedo, Paulo Vianna (Grêmio), Paulo Carvalho (Fluminense), Leandro Brandão,
Caverna, Ricardo Bodur, Pirênio Souza;
2012/2014
– Ypiranguinha – Adriano Pickrodt (Flamengo), Zilmar Pujol (Internacional),
Sandro Ozório (Madureira), Luiz Scherer (Bayern), Zé Francisco Leon (Botafogo),
Lauro Greis (Palmeiras), Rogério Englert (Barcelona), Claudinho Elói (Juventus),
Ricardo Bernardes, Obereci Carvalho (Riograndense), Omilton Andrade (Jardim
America), Ricardinho Costa, Lucas
Bavaresco (ACBF), Miro Badino (São Paulo), Darci Vieira (Corínthians), Ricardo
Lasevitch (Corínthians), Arturo Romero, Cristiano Selbach, Ênio Seibert
(Renner), Ricardo Penteado, Rodrigo Bitencourt (Figueirense), André Alfama,
Alessandro Silva, Christian Borowski, Roberto Moreira, Renato Scherr (São
Paulo), Saul Júnior (Cruzeiro), Felipe Pedroso (Internacional), Marcos da
Silva, Carlos Tranqueira Silva (Cruzeiro), Vinícius Bueno, Eduardo Mônica,
Clademir Brazeiro, Rodrigo Padre Fraga, Armando, Clóvis Pavão, Jadiel Motta,
Rogério Gravataí, Maurício Manga, Egon, Paulo Vianna (Grêmio), Leonardo Cabrito
Machado (Chelsea), Vicente Pedroso, André Franco, Valter Azevedo, Leandro
Majewski, Vinícius Gravataí, Cassiano Costa, Eduardo Santos, Nilmar Facchin,
Tiago Pickrodt, Hugo Viegas, Max, Maurício Pezão Reis, Marcelo, Victor, Raul
Marques, Rafael Koelzer, Luiz Pinheiro (Peleia), Paulo Pinheiro (Serpentário),
Anderson Pinheiro (Montpellier).